Ricardo Teixeira saiu do Rio de Janeiro na
sexta-feira, ao meio-dia, em direção a Miami (EUA), em meio aos rumores
de que deixaria a CBF. No início da noite, porém, o site oficial da
entidade informou que ele retomará as atividades após o Carnaval. Antes,
deixou uma ordem expressa aos seus aliados: esvaziar a assembleia
marcada por um grupo de rebelados que já discute a sucessão na entidade.
Na
quarta-feira, cinco federações (veja quadro abaixo) protocolaram na CBF
pedido para fazer uma assembleia no dia 29. As federações querem
explicações de Ricardo Teixeira sobre os recentes rumores da sua saída
do comando da entidade.
Porém, caso a renúncia se confirme até lá, o tom da discussão muda. Em vez de explicações, o debate será sobre sucessão.
Neste
cenário, duas correntes estão de lados opostos. Uma é liderada pelo
presidente da Federação Paulista, Marco polo Del Nero, e pelo vice José
Maria Marin. A outra comandada por Rubens Lopes, presidente da Federação
do Rio, apoiado pelos sulistas.
Marin, vice mais idoso da CBF,
assumiria o cargo em caso de renúncia, como prevê o estatuto, e Del Nero
pode assumir como secretário-geral. Mas a ala comandada por Lopes
contesta, sob o argumento de que a reforma estatutária de 2006, que
prorrogou o atual mandato de Teixeira, não poderia ser estendida aos
vices, tomando um viés político para levantar a bandeira de convocar
novas eleições.
Para aplacar o início de motim, Teixeira ameaça
cortar a ajuda de custo mensal de R$ 30 mil que a CBF dá às federações
menores para quem comparecer à assembleia. Algumas miúdas, que têm mais
dificuldades para gerar receita, já cederam.
As cinco que
iniciaram o movimento prometem não recuar e manter o pedido de
assembleia. Para ter um caráter legal do que for deliberado no dia 29,
será necessário que pelo menos 16 federações compareçam.
Federações divididas:
Aliados de Teixeira:
A
Federação Paulista trabalha para que, em caso de renúncia de Teixeira, o
estatuto da CBF seja cumprido. As federações do Ceará, Sergipe,
Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Maranhão estão ao lado dos paulistas.
Mesmo que Teixeira não renuncie e continue no poder, Marco Polo Del
Nero, presidente da federação de São Paulo, ganhou pontos com o chefe
durante esta última semana turbulenta. Foi o único presidente de
federação que falou com ele recentemente. Estiveram juntos num almoço,
do qual também participou José Maria Marin, na quinta-feira passada.
Rebelados:
Rio
de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Bahia são as
federações que, no caso de Teixeira renunciar, vão pedir novas eleições,
apesar do estatuto prever que em caso de renúncia o vice mais velho
deve assumir. Se este grupo conseguir que uma nova eleição seja
realizada, com José Maria Marin exercendo um mandato tampão em caso de
renúncia de Teixeira, o candidato é Rubens Lopes, presidente da
Federação do Rio. Apesar de Lopes ter passado por cirurgia no final de
2011, ele tem trabalhado de casa durante sua recuperação.
Indecisos:
Minas
Gerais, Espírito Santo, Rondônia, Pará, Amazonas, Acre, Roraima, Mato
Grosso, Distrito Federal, Goiás, Piauí e Alagoas ainda não se decidiram
por um lado. Ir à assembleia é um indicativo de apoio, uma vez que a ala
pelo estatuto não deve comparecer. Alheio ao corte de ajuda de custo
mensal da CBF, Paulo Schettino, presidente da federação mineira, diz
que ainda não foi procurado por outras federações:
- Ainda não
estou sabendo de assembleia, mas se tiver eu vou ver o que será
discutindo. Não sou contra nem a favor do Ricardo Teixeira.
Com a palavra
Carivaldo de Souza (presidente da Federação do Sergipe)
Não
irei a assembleia nenhuma até haver uma definição. Por enquanto, não
existe um posicionamento da CBF. Para mim, o presidente Ricardo Teixeira
segue no cargo. Sei que alguns presidentes já estão fazendo pressão
para convocar uma eleição, mas comigo não adianta pressão de nenhum
lado.
Se a saída do Teixeira for confirmada, vou avaliar qual será
meu posicionamento. Os presidentes do Nordeste costumam terposição
conjunta.
Com a palavra
Francisco Novelletto (presidente da Federação Gaúcha)
Não somos contra o Ricardo Teixeira
Quero
deixar claro que nós não somos contra o Ricardo Teixeira. O que
queremos é saber por ele o que está acontecendo, não é possível que
saibamos de tudo pelos jornais. A gente merece uma explicação e é por
isso que pedimos uma assembleia.
Se ele ficar, ótimo. Mas
precisamos saber o que está acontecendo para enfrentarmos essa boataria.
Se ele sair, entendemos que ninguém pode ficar com o mandato que foi
acrescido para o Teixeira.
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